Atabaques Nzinga é uma homenagem à rainha de Matanda (antiga Angola), Nzinga N’Bandi. Portanto, é um filme etnográfico de alma feminina. Mas não há aqui uma preocupação em contar propriamente uma história. Com muita simplicidade, o fiapo de linha narrativa acompanha a partida de Nzinga (Taís Campos), uma garota órfã que sai de Cachoeira, no norte da Bahia, em busca de suas raízes ancestrais. Localizada no norte da Bahia, às margens do Rio Paraguaçu, a cidade é lugar sagrado para os adeptos do candomblé. Foi de lá que se ouviu o som dos atabaques que anunciaram a chegada dos negros ao Brasil.
Aconselhada por uma mãe de santo (Léa Garcia), Nzinga parte para Salvador e Rio de Janeiro, onde, nesta cidade, depois de um pequeno entrevero num hotel, ela irá conhecer as rodas-de-samba. A música, na verdade, é a condutora da narrativa de Atabaques Nzinga, que dá ao filme um formato híbrido entre ficção e realidade. De certa maneira, o que assistimos é um musical sobre as raízes da cultura brasileira, tendo como destino os três pontos negreiros do País, a Bahia, o Rio de Janeiro e Pernambuco.
As manifestações da cultura negra no Estado tomam boa parte de Atabaques Nzinga, com as partições do Balé Afro Majê Molê e Bacanaré e da cirandeira Lia de Itamaracá. Com a sensível costura sonora tecida por Naná Vasconcelos, o filme ganha em organicidade em toda sua extensão.
Atabaques Nzinga, de Octávio Bezerra
Mostra Extra-FAM
Teatro Ademir Rosa, no CIC
dia 07 de junho
14:00 h
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